sexta-feira, 27 de abril de 2012

Clandestina Mente

Clandestino. Como lugar de acontecimentos obstruídos ao mais comum dos mortais. De fenómeno em fenómeno, pérolas de submersão oceânica. Ostracizadas no mais perverso dos pensamentos. E lá nesse lugar dorme um desejo. E lá nesse desejo dorme um Eu. Como pode o escafandro que te envolve o corpo chegar ao fundo?  A tua mente está perdida, empresta-me uma agulha e na água serei encontro. E na água serei encontro. O que se pretende é que a areia nos explique porque tem o mar uma amor por ela. Um amor daqueles que enrolam e enrolam e não deixam nada. Escrevi o teu nome com a cana da pesca e ele veio e como borracha deixou-me tristeza. Sete ondas. Sete mares. Pesca recreativa para a mente. Pesca de palavras que possam ser transparentes. Sublimação de amores decadentes. O isco está lançado, na mais carente das redes. Se não fossemos todos peixes, andaríamos de cabeça no ar. Talvez sejamos peixes de pernas pro ar. Daqueles que se vêm nos mosaicos pintados à mão. A minha embarcação já não tem muito mais tempo aqui. Por muito que tenha esperado, nesse lugar clandestino, acho que foi o próprio destino que me submergiu no mais comum dos mortais. Perverso tudo isto. Mas não mais perverso que o desejo de me encontrar. Clandestina Mente.