Três meses são o quanto baste para desaparecer por aí, por lugar nenhum e onde todos me encontram. Como se a concordância fosse corrigível em todo este enredo que nos engole e nos apaga da existência medíocre a que nos permitimos na correria do dia a dia. Adianta alguma coisa correr mais depressa para não chegar atrasado? Adianta querer fazer tudo correto se o azar prefere puxar-nos o tapete com a maior das satisfações? Adianta o quê? Adianta nada. Porque o momento é mais veloz, porque queremos e às tantas já nem sabemos o quê e uma vírgula...não, várias vírgulas que se deitem na curva e todas elas juntas não me deixem passar. Que não me deixem passar. É tudo o que preciso para aguentar, nesse momento, esse momento, só eu. E noto que nem me preocupo no onde, tanto faz, assim mesmo, aqui, na minha casa é o suficiente. Não preciso de vistas, nem de variar de posição. Não preciso de me sentir com os pés no chão ou de costas no colchão. É tudo uma questão de fechar os olhos. E limpar a mente. Curta e simples a ideia. E só de pensar ser uma ideia já de si ocupa demasiado espaço. Branco. Neve. Paredes de cal e copos de leite. Confesso, tenho uma perturbação espacial dentro da minha cabeça. E adoro entreter-me com ela.
E se todos os parágrafos fossem sinónimos de começos? De avanços e ligações que nos contam histórias. Do ponto zero, do ponto perfeito. Já me perguntei porque gosto tanto desse grau. A resposta não é importante. Como disse, do que preciso é de uma vírgula, não de outros pontos sem sossego. São as linhas do vazio que cozem as minhas forças. Quase tão mágicas como a elegância de uma pomba que leva na boca
a última verdade absoluta deste mundo: estamos de partida. Estamos sempre de ida e sempre a pensar nas voltas. Que desperdício, por isso é tão importante colocarmos vírgulas em tudo isso. Eu amo a vida e ela deixa-se ser amada por mim, apenas assim, não há amor de volta. Quando sentir que ela me devolve, talvez me sinta então aborrecida e me dedique à morte.
E, por mais que tente, rente à letra, na brevidade de uma sesta...ela é tanto mais branca quanto eu sou negra. E que fazer? Nada, mas nada mesmo nada.
a última verdade absoluta deste mundo: estamos de partida. Estamos sempre de ida e sempre a pensar nas voltas. Que desperdício, por isso é tão importante colocarmos vírgulas em tudo isso. Eu amo a vida e ela deixa-se ser amada por mim, apenas assim, não há amor de volta. Quando sentir que ela me devolve, talvez me sinta então aborrecida e me dedique à morte.
E, por mais que tente, rente à letra, na brevidade de uma sesta...ela é tanto mais branca quanto eu sou negra. E que fazer? Nada, mas nada mesmo nada.