terça-feira, 26 de março de 2019
Sol posto
Vaporosos os rostos do bosque
as árvores tumultuosas perpetuadas no meu imaginário
acompanha-me uma borboleta templária
ou talvez o prenúncio do dia catastrófico
cresce-me a primavera florida entre os passos
o raiar dos caracteres violento do dia
e do invólucro respiro para traçar o espírito dos buracos do tempo bruxuleando-me de pequenos nadas
é o pulso estático deste arfar de vontade suprimida
e as névoas ocultas da vida
Ando, de modos calados e vento
pela tutela do demónio
tenho as sombras vértebras fios de marioneta
e tudo o que quero é o flutuar terno
da pedra de granito minguando-me de chagas já cativas sem dor
a criação do astro
a lua vai explodir
tenho na mão uma bússola inanimada
é por isso que caminho sem estrada
depois contemplo as muralhas pálidas do céu
esse bálsamo para a pupila
mata-me mas por favor já sem vida
quero um santuário de retratos pendurados nos ramos
e um sol posto moribundo no trono
tudo eu suspenso
a vista desmanchada desmantelada
a vista num atropelo que me rasgou o peito
e deixou os olhos de outra metade pregados no horizonte
mas mata-me com carinho
como os elefantes choram os seus pais
para ser estátua estampa de mistério
num qualquer recanto intocável ou etéreo
Inviolável alicerce de fúria sem fúria
para um qualquer pássaro me pousar na dobra do céu
e nas coisas inefáveis da morte
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