do silêncio olímpico levantam-se
as esporas vulcânicas verbais
com toda a velocidade dedilhando
o poder infiltrante das medusas
que o tempo nos devora e mastiga
céus muito negros de vagos encontrados
com toda a velocidade dedilhando
o poder infiltrante das medusas
que o tempo nos devora e mastiga
céus muito negros de vagos encontrados
no calendário dos vazios os fios sem troféu
o chão enrolando-se como língua de tartã
uma boca sem saliva uma íris que termina sem céu
elétrico de humores de alertas para patinar
no espelho salgado sem oxigénio
tudo o que se quer dar sem existir
numa barreira hemato traumática
ídolos do frio, do córtex sombrio
e tudo o que era preciso era próprio do
inter sulco da guerra de criar para se abrirem
as rugas do agora, essa aurora despojada
de milagres e que milagres feitos de latim
a estrutura óssea para um arranha tectos
daqueles que contamos nos núcleos
dos corpos nus mais belos atirados ao fim
são as cordas fios de nylon
escovas de pétalas de epiderme
na transição vítrea que chora de melodia
nas engrenagens de polímeros de ódio
para a fabricação de mais pedra
de mais homens metálicos
e crianças nascidas de acidentes verbais
assim se calam as últimas fórmulas
no arco reflexo do poema já sem verso
livre em absoluto de compasso e de batuta e
de coluna e de peso e mesmo de reflexo
e é tão perene
uma nebulosa de intermitentes violetas
que nos atravessa de corpo radiografado
ver por dentro o que se está escancarado
e rasgar-se a pele desse fado tão quadrado
para alcançar o tamanho dos planetas
que não chegam a nascer
e por isso, nunca a morrer