o corpo luta contra as paredes no arranho afiado
do olhar pontos de luz agora ocre vivo de refração singular
há barcos suspensos no mar e o fôlego da manhã por destruir
as paredes choram por dentro para o desmantelamento frio
há dias em que as lágrimas perturbam a objetiva
em que a poesia se veste de orações fúnebres
para bombear à bruta a pele fina das artérias
a tarefa do verticalismo é dolorosa para a alma inefável
as moedas criam desordem na algibeira da mente
ou peso consoante se pense ser mais ou menos flutuante
sempre para mais tarde moeda agora poeira para barqueiro
uma travessia para dentro, para o extraordinário magro ventre
tudo é próprio de si e até mesmo as extensões satélites
aqueles que nos habitam por perto no assintomático
e descaracterizado cenário energético
continuamos a chamar por mulheres encantatórias
as sereias desse mar morto são mudas
ou são as vidas dos outros que são surdas
até Às estrelas..até às estrelas corpos de plasma luz
há uma hora de nascer..um lugar..um berço..um peito
assim a morte esse outro leito de fogo e depois frio
fica o tempo de entretantos ruminares
a lava percorrendo caminhos antes de solidificar
proclamam-se suspiros em jardins de estátuas negras
de umas para as outras repartem vocábulos de saudade
homens, mulheres, crianças, animais, plantas, livros
a terra uma viúva corpulenta de estranha ausência de vivo
e um banco de jardim, onde bate um raio de luz marginal
pode crer-se nascer um coração protozoário
ou uma palavra nova no dicionário
uma nota fora de escala um símbolo fora de saber
e a sensação final de repouso dentro da pedra
ou do corpo...ou da alma