quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Bolas de Saibão

Saibam vossas excelências que bolas nem vê-las! Diz que prefere quadrados ou riscas e ás vezes outros padrões mais ariscos. Foi coisa de que sempre teve a certeza. Fiquei curiosa. A natureza tem desta coisa. Quando era criança ia para a varanda e levantava a saia. E ela rodava e era o vento quem acarinhava. Depois a vizinha chegava e debaixo da cama o resto já se sabia. Que naquela idade inocência era coisa de gente que não via.  Bolas! Não era assim que te queria falar. O que vem sem ser esperado, bem quer ser encontrado. E na verdade viemos a encontrar-nos vinte anos mais tarde. Estava ela a fazer bolas de sabão numa praça em Milão. E eu fiquei-me pelos versos. Por onde tens andado? Por aí, respondeu ela. Já não sei quantas linhas e quantos riscos por cima desta história eu passei. Todos os poemas vão dar a ela, inevitavelmente. Quando levitavamos de mão dada e prometiamos uma à outra sermos..namoradas. Pode o tempo apagar tamanha vontade de lá voltar? Mudarias alguma coisa? Sim. Corria atrás de ti e se me magoasses lambia as feridas e seguia-te até que os pés me doessem. Como um cão abandonado na beira de uma estrada. Maltratado e à espera do dono, do único dono que tivera. E afinal o que me querias dizer?  Queria oferecer te um poema. Mas de entre todos os que escrevi não consigo escolher um só. Todos eles são um compendium..de ti  e talvez para ti. Guarda isso tudo e publica um livro. Sempre foste ingénua e ao que parece, não cresceste desde então. E sou eu quem faz bolas de sabão numa praça de Milão!

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