terça-feira, 27 de outubro de 2015

é preciso operar a úlcera



nenhum ouvido poderá sentir a aproximação
da loucura rematada
da difícil anatomia da solidão
não foi a queda que nos quebrou a espinha
a máquina que mal funciona
que nem o próprio peso acarta
o ruído sibilante da ausência
houve uma tentativa breve de lhe gritar
da única vez em que te sentiste levitar
do esforço visual
a ilusão do mestre estereotípico
do completo pormenor do físico
no diagrama do grande homem
linhas que ficam para ali ametafísicadas
em si entisicadas
desempenhando sempre figurante
o ponto vibrante do andamento
examinar-lhe a língua assim dobrada
ou pelo menos querendo estar revirada
recomendar-lhe que se agite
como se estivesse à disposição de um ataque
de narrativas asnáticas gargalhantes
tudo tem a sua complexidade
o verbo urge do uníssono: operar!
do amarrotar da folha e engoli-la de gula
pequenos números não fazem soma?
pequenos núcleos têm as células
mas nenhum ouvido poderá sentir a aproximação
...
as úlceras devem ser operadas em segredo,
para não despertarem outras







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