Olho no espelho límpido supremo
a imagem única de que não padeço
duna, gradação, vermelho vivo
queixam-se os músculos da criação
nas dúzias de dias que afinal foram felizes
porque se reduz à pobreza só porque são ordenados
sem folga,
entenda-se a cor do sangue amplo
do animal capelo que deixa a pele de inverno
no interior salgado
deixa -se a alma secando ao sol
no silêncio e na luz do dia torturado
deixei-me em tons demolhados vezes
nas nuvens que fogem quando chove
alguns moinhos de papel caem na sua sombra
a ampliação deserta de se chegar a velho
porque também é preciso envelhecer
o momento em que a onda nos quebra
nas balizas do tempo
e as pancadas do mar revolto
são assim a espuma que fica no canto da boca
exausto de tanta pancada na cabeça
hoje somos a mira, sem filtro brando
é como se a noite se fosse calando
numa ânsia de pescador sem rede
sinto tantas vezes marulhar
a vida parece que não desembrulha
bato punhadas no peito
poucas vezes esteve suspenso
o instinto espacial de um corpo
que com o hábito se acostuma a morto
o faro, as costas do homem que se vai polindo
endoideço com o barco enxuto
com o céu que não muda de cor
na grande jornada
no inverno acolhemos a casa
que nos acudam
as janelas fechadas sem brasa
que nos fixam no dia morto
que nunca se vestiu de mortalha
no leme que segue sem mãos à barra
com os dentes todos dentro da boca
com o horror e a ternura de que tudo
se há-de acabar
a imagem única de que não padeço
duna, gradação, vermelho vivo
queixam-se os músculos da criação
nas dúzias de dias que afinal foram felizes
porque se reduz à pobreza só porque são ordenados
sem folga,
entenda-se a cor do sangue amplo
do animal capelo que deixa a pele de inverno
no interior salgado
deixa -se a alma secando ao sol
no silêncio e na luz do dia torturado
deixei-me em tons demolhados vezes
nas nuvens que fogem quando chove
alguns moinhos de papel caem na sua sombra
a ampliação deserta de se chegar a velho
porque também é preciso envelhecer
o momento em que a onda nos quebra
nas balizas do tempo
e as pancadas do mar revolto
são assim a espuma que fica no canto da boca
exausto de tanta pancada na cabeça
hoje somos a mira, sem filtro brando
é como se a noite se fosse calando
numa ânsia de pescador sem rede
sinto tantas vezes marulhar
a vida parece que não desembrulha
bato punhadas no peito
poucas vezes esteve suspenso
o instinto espacial de um corpo
que com o hábito se acostuma a morto
o faro, as costas do homem que se vai polindo
endoideço com o barco enxuto
com o céu que não muda de cor
na grande jornada
no inverno acolhemos a casa
que nos acudam
as janelas fechadas sem brasa
que nos fixam no dia morto
que nunca se vestiu de mortalha
no leme que segue sem mãos à barra
com os dentes todos dentro da boca
com o horror e a ternura de que tudo
se há-de acabar