Deixa-se uma brisa tépida
no peito desnivelado das águas do mar
a perda irreparável do que é ser onda
do que é dissipar-se à mercê da sombra
e de todos os ritmos cardíacos da existência
reparaste na distância quando se ficaram tensos
os músculos do instrumento lúcido
sobra sempre partes de detalhe fora de tempo
mossa suficiente junto à pele
para os afazeres do mundo em brasa
nalgumas estrofes o sabor ácido da página
mórbido nas têmporas do latir da juventude
falta a leitura do excesso em mim
a máquina do mundo engrenada na tortura
da engenharia universal da loucura
o poeta interpela a própria aura do caminho
no singular exercício do debruçar no horizonte
em micro espirais, ordem de soltura e desmedida
como um ponto é uma ilha, a salina poça na sedução
e roça a crueldade sem mais revelação
sublinho as omoplatas de um pavão
selando o voo sem mais vacuidade
o nosso sangue é de verdade, vamos morrer
e o massacre de inocentes sedições
os homens sentiam a tempestade nos ossos
a fragilidade nas escamas e na espinha mole
o monstro dormia lhes nas entranhas
chibatas num repto de dor
querem as sereias que requiem sem má fé
lhes dobrem a viagem de pé
o meu olhar vacilava, vítreo
fustigada por não dúvidas projectada
a explanação do mal em noites de convés
notas menores, torturando almas de porão
que se afastam das pessoas pelo odor da exaustão
a viagem será sempre marginal
para o terrível estado de catatonia terrestre
e íntimas provocações do inferno
Mal o homem guiava o mastro
já o fim estava ao milímetro do sol
era-me fronteira já antes de nascer
era o estado mental que eu conhecia
para sem mérito, sem redenção
Jaz a obediência sem mais não
Deixa ver, deixa ver!
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