quinta-feira, 13 de março de 2014

versos duplos

retirava das mãos qualquer coisa embrulhada
que se colava apoplética a uma carga de nada

que estivesse onde fosse, uma pistola ao lado
uma canoa furada, uma colcha suja esfarrapada

talvez um montão de lixo que de místico fora
reafirmando em telegrama beijos molhados

de quadrados da chuva, abandonando como sua
a experiência no fundão: ai não faz assim não!

e na incrível simplicidade o calhambeque pegou
por obra de um naco de carne, na sua voz soou

quero um fato de treino! e a miúda pássaro acenou
praticando voos rasos sinto apertados os sapatos

das costas da mão sai então um chavão: coração
tenho apenas uma bala que da recusa nos afasta

songas sarcásticas sombras na crescente largura
alguém gritou lá do fundo: que puta de planura!






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