sexta-feira, 4 de setembro de 2015

meditação in locus



a orquestra...paisagismo estanque lá dentro
quando o lugar se cliva do homem engenho
goza o prazer egoísta do silêncio
cadeiras sentadas de melancolia
partituras abandonadas nas estantes
instrumentos quedados de mãos doridas
o mantra OM da estrutura meditando sobre si mesma
a gravidade é tão remotamente invertida
que gotas de suor ascendem ainda ao tecto
assiste-se agora ao lugar vulgar da vida
só a luz toma lugar de mudança
quando os interruptores não forem tocados
e o braço da noite pronunciar a escuridão
mas em eco, ecos de eco de salas dentro de salas
a manivela desse piano em movimento perpétuo
prolonga a melodia dentro de uma só cabeça
colectiva. e lembrar-me que numa noite 
numa noite como qualquer outra noite
o meu coração parou de bater

paralizando-lhe a vibração
de qualquer coisa conhecida
passos na rua, campainhas de gruas
e tranquilizante de repente
quando o começo de outra atmosfera
uma mão que pega noutra mão
pedir que a aventura comece
tão longe, tão longe
uma voz serena que não mais pergunta
qualquer coisa como a morte
não a inveja a melodia de antes
a vida é a vida, nada mais lhe pertence

e aceitar essa sala vazia
esse lugar ecoando parcelas de ecos
que se refazem e desdobram em outros
e em todos esses caminhos sonoros
ser todos e ser nenhum

nem a melodia nem a mão que a projecta
apenas uma sala vazia
gozando de prazer egoísta





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