terça-feira, 24 de janeiro de 2017
a alma descontinuada
entre os quadris apertados das ruínas
vem-te de emprestado passeando
pelos diques da distância
das sinapses que resistem ao afundar dos anos
as águas que velam este frágil tripulante
mágoas paridas a ferros
perder os sentidos, cair-se nos braços
toda a falta de freio que ao mundo veio
cativo da própria teia grosseira do tempo
que estuário serve a memória
encarregue de outros tecidos
são as correntes anímicas do exercício
de nos abandonarmos em equilíbrio
feixes de luz num pântano de vermes
é o próprio alívio a catapulta do pensamento
quando finalmente se encontra o silêncio
é soberana e insana a membrana
que nos separa do pulsar da alma
ficarei sentado numa cadeira à sua espera
aquela que já não me dói de impaciência
aquela que vive dessa mesma vontade
que compreende como tudo é tão pequeno
quando comparado à grande vida do pensamento
do impressionismo dos flancos do peito
o transbordar dos anos nunca vividos
mas mais que isso sentir o atravessar
do peito escancarado aos muros do esquecimento
onde para lá de tudo obscuro
da fenda palatina da fantasia
desse trote desnorteado de cavalos selvagens
onde já tarde porque nunca foi cedo
onde compreendo que esse tempo
só coube dentro do meu peito
mas vem-te de emprestado
entre os quadris apertados de qualquer outra ruína
qualquer outra não saberá à minha
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário