sexta-feira, 9 de novembro de 2018
ideias Laikas
do tecto uma placa de mármore solta-se
lá em cima a cobertura abre-se para uma outra casa
muito mais extenso esse espaço de compartimentos
de luz e materiais novos e um corredor gruta de pedra
uma catacumba iluminada por tochas de vermelhos
água que escorre das paredes e animais rastejando
ergo-me pelo buraco para conhecer esse desconhecido
se o paraíso estivesse acima de nós aqui seria outro inferno
e nós nunca estaríamos na terra ou eu na minha cabeça
não há angústia ou terror
esse lugar mistério que uma placa de mármore descobre
como o tampo frio de uma campa ou um escalpe
depois as horas afastam-me derivando pelo esquecimento
dos pormenores dos odores das texturas dos corpos
outras vezes visitamos o passado, em vez de espaço, tempo
uma casa de espelhos num circo de talentos e o poço da morte
todos os caminhos vão dar a essa espiral de vácuo
para me dizer que sou um buraco e a toda a velocidade
o veículo não se espalha para fora do circuito
ontem tive a noção de me chamar de cobarde
não chamei
o que me quebra as algemas mas atira-me ao espaço
aberto um coval para não sepultar nada
há um coveiro que fuma cigarros de palha e aguarda
jazida e fria a vida que nos encerra um dia
parasita, velocípede, a fome e a febre, a peste e a carne
a vida e a morte em colisão
rumo às estrelas, Laika corre atrás da vida no espaço
a nave descola, animais irracionais inteligentes partem
afinal basta fechar os olhos
e o Cosmos conhecido de antes
a tripulação electrónica dos percursos oníricos
interestelares corações ultra sofisticados
a génese de corpos operários
sobre a linha do equador
a precisão dos próprios astros
inflamados
rumo às estrelas Laika
fecha-se o tampo, o frio regressa à escuridão
e o corpo explode de milhares de partículas
estrelares
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