segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

descensus ad inferus


dos óleos santos tocar no ponto inflamatório
o laço impuro para a renúncia voluntária
onde um lugar relicário de instrumentos operativos
o sopro no plexo nervoso à recepção dos dias
e a língua seca que passa por entre as mãos
íman o sinal da cruz das seitas de perdição
o resgate da alma na demanda e a resistência
como um carvalho erecto à erosão do tempo
a mulher cisne negro na barca que atravessa
esse pântano de macieiras e enlouquecimento
extático
a amnésia de outro mundo dos crepúsculos
para a reclusão da floresta
e o reduto temporário da solidão

caminho tão lento que caio na eternidade
à beira dos passos os penhascos da contemplação
catalepticamente na doença das fadas
no metabolismo sepulcral das serras
e todo o corpo fenótipo de autodestruição
letargia teriomórfica
e o reflexo do espaço límbico abate-se nas têmporas
caixa ou gaiola para uma espécie desplumada
ou o retorno migratório a casa
a árvore cósmica habita-se no peito
para o flutuar dos ventos
ou ave voando no limbo
tenho habitado nos anéis de saturno
e a epifania da rena tomada pelo transe
transgredir o natural híbrido ou ébrio
a fantasia o santo graal ou uma macieira de carne
depois a epifania do sonho num grito
devorar uma mandrágora no jardim dos opiáceos
o corpo dança fornalha mítica
tenho fogo na cabeça e o sono perpétuo
de uma deusa desencarnada
e a demanda inacabada do resgate da alma



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