sexta-feira, 18 de janeiro de 2019
murmúrio do belo
a síncope cardíaca num manto de espuma
por onde se é absorvido como uma força
ou lugar nunca atendido
o culto da imagem própria entorpecida
joelhos e mãos estendidas a altares vazios
e o acto violento do coração apeado
soletrar o caminho onírico lúcido
um mundo sempre temporal e nervoso
nativo dos confins dos ossos
havia prazer em trocar me as voltas
no desafio de superar a revolta do mar
a água sempre a água crescendo na boca
a tua presença holográfica de passagem
deixando de rasto uma inquietação antiga
liberal esta paz que depois de acordar fica
uma luta sem opositor ou um quadro sem pintor
a massa que corre ao exílio dos espíritos
lugares de pessoas que foram exiladas do corpo
pairam em solidão pelos cantos dos rochedos
a realidade pulsátil patente nas palavras
que ficam dentro da gente
numa precipitação de chuva que não molha
e momentos de euforia que não sentem
uma cartilha fisiológica de animais desatentos
os peixes deitam-se na areia... adormecem
as escamas secam as guelras fecham-se
a espinha agora consumida pelo sol
para deixar uma presença subtil na areia
que na primeira vaga de onda se desvanece
assim acontece com as carcaças dos barcos
e com a vida dos homens
só as conchas, escudos, búzios, pérolas
uma convulsão reversível dos ciclos
seres que se assumem objectos
do tempo mais longo além da negrura
comprimido numa constelação rítmica
a curiosidade sempre viva a consciência nuda
uma crosta de libertação uma viagem sem termo
prenúncios de vagas estrelares
amor e inspiração a obra lenitiva da luz
e outros dias virão
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