terça-feira, 9 de abril de 2019

Passo de raspão




A gaivota plana aerodinamica mente apanhando o reverso do céu
que como um rebuçado brilha no seu interior de açúcar,
assim sao os pedaços de real
que apanhamos como farrapos ou gotas
que nos caem do céu ou o ruído
da lambreta subindo lareira acima..
e ainda o ferro velho do elétrico
da agora minha terra, ou um pequeno pedaço de vermelho luminoso exposto

no lugar proibido depois os carros rolam como carrinhos de linhas, e as vitrines expõem o âmago da pele ou o espeto do porco ou do corpo.
E as portadas abrem se duras. 
E os candeeiros iluminam o caracol
daquele prédio onde se subiu de capa amarela..e pedaços de azul laca..outros tempos. .ou farsa
Os quadrados vítreos onde em tempos fomos uneos
Esse cacifo metafísico

As botas do sapateiro
O velho sentado entre os contentores
na rua
Fazer das cinzas cimento
Pétreas
Incontido
A caixa azul de cartão e asa de plástico,
um presente, um tesouro
Uma perna mais curta, calças de ganga rasgadas
Às vezes um saco de carcaças outras de cascas de batata
Ser convertido em novo, reciclado, da sua matéria putrefacta nascer um objecto,
uma pessoa, uma paisagem não repulsiva
gradiente da réstia que fica pelos telhados

Mesmo a última aparição que se estoira pelos ramos vítreos da vida
Ou um avião que rasga o céu
E sentado num banco de fim de tarde
O único pássaro voa no céu

A antena fria do triângulo de telhas

Mesmo a última aparição que estoira pelos ramos víteros da vida
Ou um avião que rasga o céu
E sentado num banco de fim de tarde
O único pássaro voa no céu

As portas do sofrimento..o grande vulcão da poesia

A soma dos dias
A sinfonia dos porcos
O Hórus  minimalista da pequena folha que se esbeira da nossa mão
Assim foi uma eternidade esbraiada num segundo
OU uma ponta afunilada ao fim do mundo
e talvez um acorde



Sem comentários:

Enviar um comentário