quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Epidemiovigilância do Sonho

 

onde os limites dos braços da árvore da vida 
se abatem sobre o chão
laranjas que se erguem como sedas herbívoras
o quadro de klimt consumido por pigmentos de sague
a saliva gira na roda da azenha 
para a mais demente das securas
nesse espaço espásmico os braços criam raiz
uma árvore agora anta vitral escudo
para se ficar na ignorância às escuras
nesse penoso nervoso e quieto estado
corria a lágrima do chafariz 
a verdade espreita do seu equilíbrio
para se debruçar do centro do mundo
há troncos que cresceram na beira do abismo
e o tempo é apenas uma questão de erosão e queda
uma paisagem de fins catatónicos castanhos
tudo é sombra e silêncio
interrompido por vezes pelo sagaz consumo 
de algo mais fino que não chegou a vingar
estalidos de muito rápidos arderes
ou porque ocos ou porque frágeis
porque são as palavras vãs e vagas numa legenda
que se encontra num outro versículo
um lugar de farrapos atrativas estátuas de controlo
pendentes de cruz irreconhecíveis de fé
vítimas das suas cabeças aluadas e ataviadas
para nebulosos corpos à deriva no espaço
passos resolutos, irados tem o pastor
monossílabos de grande proprietário
inoculado de sonho
esse pessoa ou animal género carbónico
que se afoga minguante no levantamento
do vento que sopra tão alto que uiva
no segundo que toca esse horizonte que agora
já se sabe que se prolonga 
mas que podem os olhos bagos caídos 
o tronco dobrado vertebral e antigo
que podem para além da espera
ou a esperança de outra era
nem as árvores mais antigas são eternas
ou o declínio da montanha estático
por isso o velho pastor inveja o pastor imortal
que outrora lhe habitou por dentro






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