domingo, 20 de junho de 2021

Kosmou

 bocejado de um mundo mal acordado
talvez utópico, ou justiciano ou bizantium
a inclinação de um ponto ao outro patrono 
desse compartimento oco
sininhos no tornezelo peitos mudos
colares de pedaços alarajandos ácidos 
e uma botija batedora de afeto 
o animal aninhou-se vespa inquieto
semicerrou os gritos, no plano equatorial
hoje compartilho a terra, a sua carne e os seus vícios 
acabo-me no brusco vestigial de um ocaso de acaso
para patinhar no charco indomável 
de um trono de cabelos brancos
deixo uma túnica morta
atiro-me das coisas ofendidas
para igual aos outros enaltecer me de racional
se eu fosse planta fosso ímpeto de feltro
ainda assim teria menos pressa da virtude

depois da primeira sonda ter aterrado 
deixou de ser poesia
o lugar havia sido desmistificado

assim o vi anoitecer
como um degrau de areia
com a largura da palma 
pedra, decote, apanhando peixes 
com a língua 
e almas com a sorte



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