Tinha um ninho debaixo da cama
um violino e ramos de oliveira
os braços em velcro sem remar
a chama na cabeceira sem oscilar
na caixa guarda sonhos e no pote
um cruzamento de elixir com porção
dos olhos fabricação de viscosos entes
a miséria de silêncio bate no teto e volta
todo um oceano sem revolta de água morta
tem um brinquedo ao lado, raiz de inverno
triste se brinca só pela noite densa
no suspiro das rachas das paredes
brotar dos lábios irmãos um cigarro
das arcadas das janelas de outros fados
Moro na beira de um cinema cemitério
uma tela veneno arquétipo
ainda se quedam os cabelos no pente
parapente de esvoassamento era o seu fio
absoluto dourado relâmpago
para o pensamento sempre fluvial
detenho me ainda nas impressões digitais
no pescoço, no seio, nos cotovelos
lexical manto o colchão ondulando
detenho-me de traduções vãs
as calças ainda postas e no bolso uma resposta
uma chave
quem sabe se estou em casa...
se numa barca rumo a outra margem