a respiração melancólica desfaz no óleo
murmúrios de cascas
faz escuro, engolidos pela sombra sentinela
figuras dos sem nome
pelas mandíbulas de almas apartadas despidos
de um vai e vem de nadas homens furtivos
aonde uma casa é lugar de trapos e lixo
tetos de cabeças de árvore sem orvalhos
uma existência de madonas sem espelho
nascidos de uma moeda por acidente sem troca
em quartos de chapa
o mar de chumbo marginal e céu monótono
estavam brancos os pés por correr, as massas moles
o globo repetidamente enfadado de voltas
e apenas estrelas de ilusão empoeirada
o retrato
avista-se uma perna de manequim no telhado
uma data na porta gradeada de floreados
roubada de outras épocas outras paredes
um pequeno pássaro que penetra no veludo vermelho
uma voz de bossa nova, um abanar de anca
assim as portas fechadas
como uma carta por abrir sem vontade de ler
erguem-se muros, fecham-se os olhos
ou que em vez de cativas fossem escoadas pelo ralo
vidas que não valem o mesmo
salta, trepa, constrói um campo de futebol da terra
pedras que em pés descalços são minas
banhos de barril em sabão azul
calçam-se os sapatos da missa, as solas omissas
e canta-se em cada esquina, vozes unidas
há uma cruz invertida ou um mundo aqui dentro ao contrário
nascem deformados, sem dentes e sem vocábulos completos
para não ir além desses tetos
brinca-se em cavalos de ferro, veículos desmantelados
livres para seguir ao volante desertos
bancos de areia e mais areias de aterro espacial
os verdadeiros cavaleiros do apocalipse
vieram danados...desnutridos e cansados
quando chove, apaga a luz
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