terça-feira, 15 de novembro de 2011

Musa de Plantão

A MUSA DE PLANTÃO

A minha musa! Já há algum tempo que eu precisava de escrever sobre ela. Não foste a primeira e talvez não sejas a última. Admiro aqueles que tiveram apenas uma. Neste momento és tu. Já há algum que és tu. Eu preciso de ti para criar. Preciso de ti para respirar. Preciso de ti para me levantar da cama e começar o dia. Quando não te vejo por algum tempo fico em bloqueio. No vazio, as palavras não vêm de mim, não vêm de lado nenhum. Eu procuro mas não encontro. Porque não te sinto perto de mim. O teu efeito é anestesiante e ao mesmo tempo estimulante. Quando estou muito perto de ti, colada cara a cara, receio perder te. Tenho medo que se torne banal, que desapareça o encanto que sinto por ti. Tu sabes que nunca quiseste ficar ao meu lado, por isso a minha busca é interminável. E é essa corrida, por ti, que me faz criar mais e mais. Tenho pena, nunca saberei como seria viver na realidade contigo. Porque só podemos existir no plano do pensamento. Todo o poeta precisa de uma musa. E ela pode ser alguém que já teve e perdeu, alguém que deseja e não pode ter, alguém que não o quer ou alguém que nem chegou a conhecer mas que imagina. Musa perdida, Musa Idealizada, Musa Platónica, Musa Encantada ou Musa que despreza. Para outros, a Musa pode ser alguém concorrente, em competição por um lugar. Não é tão nobre ou tão romântico mas não deixa de ser válido. De qualquer forma, a minha musa é alguém. Que não me quer ou não posso ter. Que já tive e não tenho mais e se ainda minha fosse já não seria a minha musa. Porque na verdade só funciono com Musas Platónicas. O que faz de mim, romântica. Por isso cada vez que estou perto de ti, posso ser diferente consoante o grau de necessidade que tenho de ti. Posso ser mais fria ou mais quente, e tudo depende de como tu fores para mim. Uma coisa é certa se tu correres atrás de mim, passarei a ser a tua musa e nesse caso, perdi te! Por isso serás sempre tarefa inacabada, impossível ou inacessível. Eu espero que tu nunca ouças esta versão. Terás a tentação de vir atrás de mim e o que eu preciso de ti é exactamente o oposto. Há coisas que vivemos e há outras que simplesmente devemos correr atrás, até nos cansarmos. Nesse dia devemos procurar uma nova musa. Porque a inspiração serve para criar e não para amar. Mas mesmo assim paralelamente a tudo o que acredito, eu amo te. A minha poesia tem tanto mais valor quanto maior a minha possessão por ti. E no limbo da sanidade está o meu equilíbrio vital. Várias vezes já passei essa linha. Contigo aconteceu quando fomos um só, por breves instantes. Depois veio a saudade e a impossibilidade de estar longe de ti. Quando me curei transformei te em Musa. Nem todos nascem Musas. Tu foste metamorfose de um Amor-Morte. E eu já não sou mais livre mas estou agora livre para criar. Os muros da ilusão são as paredes da minha casa. Tudo o que escrevo vai dar a ti. Tudo é memória revivida, daquele dia que passei contigo. E de noite, torna-se mais intenso. Tu apareces noutros rostos, noutros versos. Hoje tu não és só som e ritmo, és lógos vivo…Deste-me um Não perfeito. Tu és o meu recurso irracional, o meu dicionário emocional. Por isso nunca te considerei um erro, e sim um Mistério Perfeito. O meu pensamento é alado. É preciso que exista entre nós a correcta tensão e que nas pausas eu tenha clareza para criar. E memória para preencher a história. Para mim a palavra não é científica assim como a música. Tudo na minha vida é empirista e sensitivo. Só depois vem a razão ou a procura dela. Sinto, existo e penso. Por ti sinto, por ti tenho vontade de existir e o que é que eu penso? Que pouco me importa a razão de tudo isso.

Tudo em ti, tinha de ser assim!

Sem comentários:

Enviar um comentário