segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

do fundo da sala



as paredes cénicas do limbo
para o desafio da fúria que trepa
gioconda povoada de olhares de luto
situar na intimidade
tudo o que é incompatível com bagagem
agora há um pássaro morto nos beirais
uma mulher que percebe uma criança
a geografia de leopardos delapidados
que correm invertidos da serenidade
a composição do avanço lodoso
um gato cego viajante no bolso
rasurados os tempos
sofrer de manifestações do passado
essa falsa analepse interrompida
o grotesco aberto dos territórios esventrados do cérebro
as mãos mergulham na distância
a inocência em paisagem
ciclisticamente atirar dos olhos um cavalo de chuva
aquele arrebatador intimista azul
telúrico em roteiro de elefantes
tudo em câmara lenta
um tractor casual da metrópole do pensamento
os dias negros redentores
dentro do corpo em transformação farol
a espuma de tudo
homens na queima
a pura exibição das pontas do espaço
as mãos em percussão pelo corpo
ao sopro do esvaziamento
aquático um vocábulo afunda-se na boca
a serenata de uma flauta de bisel
para o suporte físico canónico do ódio
catalítico colapsado tao fundo enterro
que os holofotes em trânsito são anónimos
semeamos as estrelas do eterno
para o câmbio das partículas
para nos resgatarmos dos incêndios
das mangas do ventre sem placenta
a boca sorvente que não conhece peito
e tudo o rasto dos desaparecidos
hoje..depois o canto das marés
uma mão arrancada do esqueleto fotográfico
criaturas sem hipotálamo
imunizadas de partes de orfeu
a semente do vício dos hidratos dos sais
ainda repousamos na linha ao lado dos pássaros
entre os postes abastecidos de electrificação
para o pormenor dos dias
e dos magros extremos
o refluxo fragmento. ..a alma
vinda de um buraco no céu que espreita
e um peixe vivo que escorrega da bancada



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