quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
no silêncio dos atracados
um submarino na voz proteica do ser
que se enrola para o ressonar fetal
no intervalo grunhido aquário
na frequência das ânsias paradas
o ultrasom dos morcegos
um balão alongado na barriga
parindo aparelhos bioinspirados
por inseminação do retrato esquisito
tudo acordando em sedimentos revolvidos
salmos traduzidos do desconcerto
entristecido o animal entregue impotente
o diafragma do mundo arfando
de convulsões ao abate
nessa epilepsia de morte celular
e sonolentas as palavras vão-se libertando
a esmo pelo espaço
como tesouras recortando um novo corpo
de carbono agora o vácuo
organismo marinho dentro de um vaso
com a incrível audição de um grilo
fumavam pensamentos dentro de água
as cortinas ao vento onde não havia mais vidro
o osso sacro esmagado para o raiar
do incorpóreo
dentro a mim chocalhando um mal estar
parto-me de apertos quase desmaio
o cão partindo os ossos ao gato
turvos os olhos fixam-se nas casas enraizadas
o ar que se liberta como fantasma
uma dor de silêncios no cais
aguardando à eternidade
velados por corpos gelados
as horas comidas as vértebras
o pó crescendo para as nuvens cerradas
quando o atravessar é surdo de passos
e a fragmentação do absoluto
se move de ondas que devoram a areia
para o caminhar dos meus pés mutilados
o chão do oceano tão distante agora das escotilhas e ainda outros atracados de companhia
as velas guardadas numa gaveta museu
e eu sou os barcos que secam ao sol
e todas as manhãs que se encostam à estrela
com a incrível audição de um grilo
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