como um silêncio de lápide aberta
ou lugar escavado por ocupar
um alicerce de terreno por erguer
na casa por crescer, há um pós vida
que alguém ainda há-de...
corrompido por altifalantes serpenteando
as sementes dos vivos
um mar morto, petrolífero
onde o processo profundo de um latir
fere rasgando esse manto que abre caminho
pelas margens dos precipícios
desliza assim de noite um barco a remos
um pescador recitando linhas de prata
noites inteiras apanhadas na rede
e sempre ao longe um dique abismal
para quem adormece...
nesse sangue dessa ponte erguida
a boca um arpão de rapariga
diz que viemos da água...
desse rio mãe placenta
Ônix águas do espaço que nos separa
quando nascemos em alto mar, caravelas de branco
mas é no rio que lentamente flui a morte
uma narrativa de luz baptismal
e nas margens, espantalhos de ramos ardidos
grifos mesclados na encosta rochosa
e ruínas de lugares termais
como pode um homem alinhavar as horas da noite
sentado num baloiço de casco, um pico de topo, terror noturno
algo que pasta por ali sem ser gado
apenas lamento
leva a mão à água que bate contra a margem
a gélida presença no rosto que precisa despertar
e num piscar de olhos, lá entre a sombra de nenhures
Seu pai, acenando a boa sorte
para a travessia mais esbatida da via lactea
a tarefa de se colher da água a alma
e dar de alimento, ao corpo
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