telegrama de obsessão do ocaso parasita
a noite por estrear monumental
cálculo da demora num post scriptum
no exagero de certas maneiras já o pranto
o que nos mantém afastados de lugares desesperados
para cá ficar o resto da vida instável
talvez as coisas nunca cheguem a ser rasto
porque há o consumismo varrido da ânsia
depois ser se vendaval esbatido
vigia se a morte como ave de rapina
a orquestra quieta no salão de baile
queimados do sol e ainda por atingir o horizonte que se achava preso realizado
a técnica de andar à roda
onde uma cicatriz que se descose na linha
para cantar certos duetos de demência
despiu se, atirou os sapatos ao rio
rasgou se aos poucos na pequenez do escárnio
e no infalível abandono da composição
para entrar no estupendo airoso e fictício
massa analítica pneumática
os botões ao peito sem mais arranjo
o relógio de pulso parado
no combate à paralisia de um rio já seco
depois um avião pessoal imaginário
pessoas rindo ou gritando no campanário
por cima das mesas e das nuvens
um sítio em altura para pessoas sem morada
muro infame
(somos uma história comprida em poucas palavras)
trapos arrumados no chapéu do ceguinho
como se desligada a bateria de um velho ditado
e o insucesso do mundo
debaixo da roda de um camião
talvez criptografadas para uma metrópole de linguagem corrente
mas há coisas que não têm explicação
como o respirar de um incêndio aperto
dou comigo a pensar no inevitavelmente não aproveitado
aquilo que nem as chamas quiseram suas
se pagaria mais tarde
seria uma figura em pose não artística
numa quadra festiva que nunca deixou saudade
dizia para os peixes atordoados
-não sei se falhei na última carta
ou se a mão foi afinal sempre fraca
gargantas roucas guinchos infernais
o ressoar lúgubre das velas queimadas
aquela ideia de enorme paredão
para se entoar um fim afinado.
DEPOIS engoliu um trago demasiado
falei lhe das passagens para o outro conceito
o mar abrindo o peito a essa velha bruxa de rio
e começava lentamente a bebedeira...
para lhe pendurar por uma corda
onde lhe servisse de forca
o cadáver
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