sexta-feira, 11 de fevereiro de 2022

dark web

 



Alveolos de terra são balões de oxigénio 

para nos revolvermos de acento 

a placenta que nos escapa dos pés 

efisema dérmico que nos atravessa de nós 

um conteúdo estomacal para ser revirado

na varanda de uma venia gatos desparasitantes de uma cidade acrónima

fios de abóbora parquimentados e cactos  espinhados de dormência pendular 

parecem trombones de alarme nuclear 

a mente um pedaço escrotinado de horas

milagres que vendemos, paletes de remos 

sem oceano

às tantas, dizem que estamos perto do fim

assim, gritando ou sussurando

dizem-nos que está tudo feito ou tudo pronto

e assim para nos entregarmos ao ponto 

numa plataforma aérea levanta se o corpo avião 

alguns já avioneta

como uma seta, uma linha aritmética 

porque nos falta o ar, escrevemos em qualquer porto, qualquer encontro

qualquer aborto do que nos fizeram

serve de porto, porta, aberta

todas as portas estavam escancaradas

quase que não foi preciso baterem me

e ainda assim levei porrada

de todos os flancos de mim

porque só assim, de amasso

poderia ter nascido

uma e outra vez do começo 

uma e outra vez de perfeito 

ou pelo menos, todos achamos que sim

os canais fonéticos da alma são poros

as luzes trepam pelas paredes

parecem cílios retorcidos ao vento

as nuvens em baixo são tecido ou lençol 

que um voo é muito mais do que vertical

a teoria desenvolve se no atestado de um mito

o livro é uma Bíblia ou um caderno de contas

o recosto da cadeira é um posto

e quando nos encostamos

o objecto tornar-se espinha dorsal 

corda de instrumento tocado fora de pauta

alienado  de cinzeiro onde o cigarro

é buraco no tempo


também encontras muitos buracos no tempo?






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