para nos revolvermos de acento
a placenta que nos escapa dos pés
efisema dérmico que nos atravessa de nós
um conteúdo estomacal para ser revirado
na varanda de uma venia gatos desparasitantes de uma cidade acrónima
fios de abóbora parquimentados e cactos espinhados de dormência pendular
parecem trombones de alarme nuclear
a mente um pedaço escrotinado de horas
milagres que vendemos, paletes de remos
sem oceano
às tantas, dizem que estamos perto do fim
assim, gritando ou sussurando
dizem-nos que está tudo feito ou tudo pronto
e assim para nos entregarmos ao ponto
numa plataforma aérea levanta se o corpo avião
alguns já avioneta
como uma seta, uma linha aritmética
porque nos falta o ar, escrevemos em qualquer porto, qualquer encontro
qualquer aborto do que nos fizeram
serve de porto, porta, aberta
todas as portas estavam escancaradas
quase que não foi preciso baterem me
e ainda assim levei porrada
de todos os flancos de mim
porque só assim, de amasso
poderia ter nascido
uma e outra vez do começo
uma e outra vez de perfeito
ou pelo menos, todos achamos que sim
os canais fonéticos da alma são poros
as luzes trepam pelas paredes
parecem cílios retorcidos ao vento
as nuvens em baixo são tecido ou lençol
que um voo é muito mais do que vertical
a teoria desenvolve se no atestado de um mito
o livro é uma Bíblia ou um caderno de contas
o recosto da cadeira é um posto
e quando nos encostamos
o objecto tornar-se espinha dorsal
corda de instrumento tocado fora de pauta
alienado de cinzeiro onde o cigarro
é buraco no tempo
também encontras muitos buracos no tempo?
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