torres de cristal para o homem escalar
no dia depois do juízo final
necromante em missão sem terra
onde as estrelas seriam negros anos luz
um cemitério de lunáticos
desviante de espíritos dorsais
que no impulso da noite são entidades
que dizem respeito ao céu
flutuou o dia transbordador
as arestas do sentimento fadigado
no ultra espaço deixado ao luar
a viagem no camarote diplomático da morte
virtualmente o corpo é membrana
o lugar esbatido sem amanhã
sempre nós ao serviço de Proteu
vou mergulhar num sonho de reversos
o destino de outros quaisquer passageiros
porque andam as lendas difundidas
num enxame de astros fora de órbita
um gesto de violetas pálidas
que se abandonam de visita à campa
um dia o dia deixou as suas aparências
e a sua beleza em estandartes
a âncora mental próxima dos limites
abriu os braços respirando fundo de livre
o dia livre de mundos sem escala
após o fulgor desértico das palavras
há sílabas na neblina de metais pesados
aqueles ventos que nos ficam
as partículas que por estatutário acto
nos ligam ao silêncio fragmentado do mapa
pequenas mortes que deixamos no abraço do outro
sempre, se compara o corpo ao espaço
quimeras quânticas de contacto
os velhos deuses que nos derramam de frio
nervoso, um rosário trémulo
de posse, hedonismo de uma galáxia civil
desfigurado o tempo e o clima ancestral
herdeiros de enclaves da urgência
era míope a alma e o coração nunca tarefa
sanguíneos capazes de surtos
da exploração da metáfora ao vazio
da tomada da forma ao abstracto
do formidável ao derrotado
Há sempre um inverno dentro de cada homem
e uma nave pronta para forçar o abismo
mas da lua nunca passou
assim como a sua rua nunca atravessou
a vida uma trepadeira que nos coroa
que nos quebra o caule de solene júbilo
que nos cresce dos pés para calejar
vive-la de arrastão
os seus gordos pássaros acorrentados
a cabeça uma espécie de masmorra
para se escalar no controlo absoluto
torres de cristal bruto,
assim se partem tantos em bruto
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