quarta-feira, 27 de setembro de 2023

o mais tardar...


uma noite guilhotina onde se dorme de pé
os astros recolhem aos telhados vermelhos
o que escorre é a seiva da queda do fruto
no patamar invocado um ser em bruto 
durante o dia fonemas agora de ocaso
de perfume de mulheres que contemplam o chão
no derrame da bílis o olhar penitenciário
através das paredes grita-se em vão
são diálogos de portas que respiram
quem corria de avental pela escadaria 
pelos cantos melros negros e frascos bizarros
de palmos e arabescos gestos de iteração
os anos construíram jardins de negação
no improviso trepadeiras de cadafalso
um circuito de desgaste rápido 
para a impercetível matéria sepulta
que o céu e a terra em sedimentos de nada
e voragem respiratória do que é insuportável
filtraram, ao corpo em fogueira pagã
continuam os cabelos pelas sucursais do tempo
fica  a beleza extasiante do contemplamento
de um alpendre debruçado ao abismo
quer um baloiço apropriar-se do sol elétrico
multiplicam-se as sombras dos outros
os espelhos são celas e clarões incertos
a terra vacilante de se nos abrir
sinto a vertigem e os pés a fugir
a caixa torácica em aperto 
volta para casa, volta para dentro
para a distância inacessível das funduras
minha avó, minha mãe, minha tia, minha bisa
a quem só se revelam as palavras
citações sem premonição mordaz
as ervas morfina da alma deixaram daninhas
rebentam o chão de terrores fragmentados
batem portas escancaradas janelas sem vidros 
e andam descalços os espíritos

andam descalços os espíritos













quinta-feira, 21 de setembro de 2023

El número de la molécula - Tradução por Duarte Fusco

El número de la molécula
 
Como los artífices terrenos
el animal sin alma despega de una hoja de papiro
donde no existe ni enfermedad ni desmayo
ágil disonancia de vigor y sopor
el derroche en la belleza de ayunar la energía cósmica
la mano pata tenía fragmentos de nitidez bestial
sujetada con inúmeros desgarros en pedazos de procesos
y pasos que nunca serán los mismos
el arte común de los utopistas desterrados
y todos los puntos son fosa desguarnida
mi cuerpo..ultra marino varón
tres estómagos y bravos brazos de labranza
el alivio de los sin brújula y más allá
ajeno a la orgánica pobreza carbónica
comparo cilios cerebrales a propiedad abolida
promulgan leyes para desuniformar la tiranía de los filósofos
y el espíritu..el espíritu perverso y equivocado viste a todos del revés
vino el vacío y el saqueo de todo lo que cupiese en el bolsillo
el texto engulle horas y dolores sublimados
interpreto el cielo como el terror más duro
estrecho ruleta de ciclos interrumpidos
el príncipe de las tinieblas del ahora
el sol es un trono y la luna aurora
la paz de los antiguos en el lomo de una cartilla de hambres
la vida es pequeña pequeñísima
para que cada crepúsculo sea igual a sí mismo
sirve de manto a la locura corrupta de la edad
la memoria es un almacén de inutilidad
a las horas, a las horas del aburrimiento
del trabajo servil de ungüentos mecánicos
libre de tierra, el recipiente de la noche
que se arroja a semilla con un lazo muy fuerte
al párrafo más largo y más lento
del bienestar..se suelta una hoja sin querer
para el acelerador
y en el ejercicio vencido de los vocablos emboscados
el viento envuelve en la rueda de la espiral
fueron bañados de fervor de un dios cualquiera
faltaba la tarea de la historia vivida
y el tiempo punición para imprimir el último día
¿por qué todo acaba en la muerte?
no para el hombre que persigue la inmortalidad
 
no sabía si era el hombre persiguiendo a la bestia
o la bestia persiguiendo al hombre
 
pero en ese ciclo enfermo de persecutoria sensación e incluso emoción
perdió todos los últimos días de su vida

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Um lugar para cair

 é o limbo de morte nenhuma

o coração atropela-se de sangue bruto
a respiração ofegante de uma queda em sonho 

assim brincavam na areia pequenas criaturas
um dia de sol na beira da linha de água 
a água que ia e vinha num ciclo incompleto 
de pequenas linhas de espuma 
mas os outros desapareceram 
o dia cinzentou de abrupto..as ondas cresceram
a força da areia prendendo o corpo de gatas
um corpo incapaz de se erguer
o nevoeiro tapou o mar 
cobriu todo o espaço em volta do corpo adulto 
o dia escureceu de negro cinza 
e o corpo imóvel incapaz de se erguer trémulo
aos pés água e mais água com o ruído da força da terra
a força que rebenta próximo do ouvido e dos olhos que não vêm
as mãos enterram-se cavando poças de lágrimas 
o rosto irado de impotência 
querendo beber ar e não água 
que o sal amarga de próximo e mais perto de fim
há o silêncio desumano 
o coração bombeia-se de música 
soam as notas rápidas do forte macabro fundo
um denso de não entrega 
de não partir sem luta

mas quanto mais procura na areia a pega
mais a mão se desenterra

não haverá corpo para chorar 
nem testemunha do salto quântico 
Talvez o fundo do mar seja o início 
do tamanho do acordar