uma noite guilhotina onde se dorme de pé
os astros recolhem aos telhados vermelhos
o que escorre é a seiva da queda do fruto
no patamar invocado um ser em bruto
durante o dia fonemas agora de ocaso
de perfume de mulheres que contemplam o chão
no derrame da bílis o olhar penitenciário
através das paredes grita-se em vão
são diálogos de portas que respiram
quem corria de avental pela escadaria
pelos cantos melros negros e frascos bizarros
de palmos e arabescos gestos de iteração
os anos construíram jardins de negação
no improviso trepadeiras de cadafalso
um circuito de desgaste rápido
para a impercetível matéria sepulta
que o céu e a terra em sedimentos de nada
e voragem respiratória do que é insuportável
filtraram, ao corpo em fogueira pagã
continuam os cabelos pelas sucursais do tempo
fica a beleza extasiante do contemplamento
de um alpendre debruçado ao abismo
quer um baloiço apropriar-se do sol elétrico
multiplicam-se as sombras dos outros
os espelhos são celas e clarões incertos
a terra vacilante de se nos abrir
sinto a vertigem e os pés a fugir
a caixa torácica em aperto
volta para casa, volta para dentro
para a distância inacessível das funduras
minha avó, minha mãe, minha tia, minha bisa
a quem só se revelam as palavras
citações sem premonição mordaz
as ervas morfina da alma deixaram daninhas
rebentam o chão de terrores fragmentados
batem portas escancaradas janelas sem vidros
e andam descalços os espíritos
andam descalços os espíritos
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