segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Um lugar para cair

 é o limbo de morte nenhuma

o coração atropela-se de sangue bruto
a respiração ofegante de uma queda em sonho 

assim brincavam na areia pequenas criaturas
um dia de sol na beira da linha de água 
a água que ia e vinha num ciclo incompleto 
de pequenas linhas de espuma 
mas os outros desapareceram 
o dia cinzentou de abrupto..as ondas cresceram
a força da areia prendendo o corpo de gatas
um corpo incapaz de se erguer
o nevoeiro tapou o mar 
cobriu todo o espaço em volta do corpo adulto 
o dia escureceu de negro cinza 
e o corpo imóvel incapaz de se erguer trémulo
aos pés água e mais água com o ruído da força da terra
a força que rebenta próximo do ouvido e dos olhos que não vêm
as mãos enterram-se cavando poças de lágrimas 
o rosto irado de impotência 
querendo beber ar e não água 
que o sal amarga de próximo e mais perto de fim
há o silêncio desumano 
o coração bombeia-se de música 
soam as notas rápidas do forte macabro fundo
um denso de não entrega 
de não partir sem luta

mas quanto mais procura na areia a pega
mais a mão se desenterra

não haverá corpo para chorar 
nem testemunha do salto quântico 
Talvez o fundo do mar seja o início 
do tamanho do acordar











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