incansável terra de utopias de fogo
amazónica metrópole onde vagueamos
sem rumo, uma patagónia de voos
sem embarque esquelético ou nervoso
distante de enfados e microclimas de luz
diz-se apelo do sul dos antárticos da carne
há o roncar do girar a que se segue
uma alma em bruto
de um farol qualquer de vento pacífico
ilhas avistadas do desconsolo, penhascos
a terra forca de tensões pneumónicas
e o animal embarcado fotográfico
as quatro linhas de um retrato calafetado
numa espécie de maldição fornalha
tudo esmorece lento, regresso a entranhas
era uma singela embarcação para baleias
para milhas de estreitos sem alvorada
horas quietas águas petrificadas
colónias de corvos marinhos e tentáculos frios
vigias do horizonte delicado em choque
o pescoço retira-se da corda
a vela recolhe-se
combustível de nuvem pulvorizada
monumental o animal evade-se
a palma do leme desfaz-se
para tocar a superfície sem arpão
agora bicho de estiramento extenuado
a dura caça dos céus encobertos
está a pele de arremesso dos golpes de retoque
a tarefa de aterrar no fantástico recorte
a carne desprendida dos ossos da ternura
que um dia se cansaram
o ministério do silêncio olho ciclone
minimalista num plenário de urgências
de fins científicos e sonhos de finas cataratas
está a doca seca de choro
camuflada de gaivotas em coro
a cloaca planetária da alma indígena
onde se esperam batalhas a nu
as enseadas nucleares foram rebocadas
da mais densa profundidade ancestral
marulhando a gaivota socateira
olho branco cargueiro de fantasmas
para desovar um mundo novo de brumas
tem andar de pelicano película de laboratório
mão de apanhador de coral
ruas submarinas para dar ao molhe
e conseguir repousar na eternidade
a carta salpicada de acidentes
desdobrada das enseadas dos olhos
a pique até ao fim
separamo-nos da baía dos tristes
na luta do estômago das redes
em pormenores de finisterra
para se afundar na demanda temporal
nas manobras da neblina cartográfica
a pique até ao fim
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