sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Descalçou os sapatos
mergulhou os pés no mar
estava um frio de rachar

sem dizer uma palavra
escutou
a presença constante ondular
o coração estoirava
quiçá encontrá-lo mais tarde
objecto do sonho
enfrentá-lo
numa madeixa rebelde
pentea-lo
serei um bom costureiro
quantos pedaços de terra
de textura grosseira
e paredes decrépitas
e eu disse-te para seres
paciente

um hexágono
irrompia como espigão
de fogo esgadelhado
e alguns olmos
desequilibrados
pendiam ao chão

acabrunhado
o ser desmanchou
do fundo gemido
e dor de sombra
uma inquietação idiota
impunha um novo andar


Muita gente à mesa
da travessa a festa
que coisa asseada!
que há-de estimar
da altivez de estar
-uma fraga de cada lado
onde o mar é agora
riacho

e chamá-lo à realidade
Transe crudelíssimo
-e se começasse amanhã?

do passo à bruma
da bravidade vagabunda
répteis e aves
fugidia e ténue
onde os olhos flamejam
como se fossem
lôbregos
ases






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