sexta-feira, 20 de novembro de 2015
consciência quântica
Teciam armas e uma centelha de raiva
fileiras silenciosas acomodando corpos flácidos
empurrados ladeira acima por mulheres-cabaças
se agarra à bóia-de-salvação o pulso amordaçado
no passo cadenciado e firme de sangue antigo
sobre as fileiras dos vultos a descoberto
o céu jovial em vida
a provisão de todos os materiais próprios
para uma descida enigma ao túmulo
preparar os ritos de família
a alma espreitando o cadáver com mágoa
-não sei se lhe havia pertencido
uma parcela da mesma retida na placenta
pôr a secar em feixes
arranjar espaço para mais membros
pés descalços sujos de poeira silenciosa
sobre o sagrado solo da mãe terra
se alimentar essa chama
pequenas flores sem pedúnculo
agora inseridas plásticas em vasos receptáculos
lado a lado, fábricas do principiar da Primavera
de a enterrar incógnita
esse crime sempre oculto da memória
as ervas soberanas na cura
todas as coisas da natureza pura
terminadas da sua tarefa
Da casa dos carniceiros
reconhecer a caligrafia do arquitecto
mendigo insuficiente
a mão estendida, o mundo inteiro
as voltas da vida amenas
dizer uma oração gentil
entre os salteadores, as cortinas de lágrimas
do fluxo verbal sossegar
a eventualidade de ficar pelo caminho
a pairar
atravessar o restolho
na sombria transparência da ausência
trazer o sangue de volta
o odor pantanoso das águas conformadas
pequenas fendas nas tábuas
a mente inflamável para a chama que ateou
a mão do moinho giratória
ancorar o olhar nas espigas esquecidas
esta ferida foi feita por uma flecha mortal
ao alívio do pobre animal
lacónico o assombro roedor da consciência
quando se deixa incompleto
o submarino palmeado nas mesmas águas
onde apenas se organizou a destruição
depois de um aperto de mão
ou do teste de Guthrie
o sol dos trópicos derrete
o urso branco periscópio
há um torpedo interruptor
a inclinação e o resultado
a escotilha e o alojamento
e por essa tampa de aço
a dor
o sexto sentido do combate
revirando-se dentro do espaço
do diâmetro esguio e ágil
uma cadeira metálica circulatória
cujo olho minúsculo observador
giroscópio do torpedo em direcção ao alvo
à superfície emergirão segmentos despedaçados
é a alma da submersão
inoperante o compasso
o grau de estabilidade do peito
as lentes de imersão do cego
todos os músculos da hélice
vertente-maquinista da ilusão
do calcular, estar-se tranquilo
os lemes situados no chão
pronto a emergir? pronto?
o movimento incessante das vagas
o grau de estabilidade do corpo
a inquietude de manobra o leme
o compasso magnético da vida
situada acima do pescoço
todos os sentidos a seus postos
da sua mímica inexpressiva
muito tempo virá à superfície
a estreia da abertura
dum gesto mostrar-lhe nuvens de fumo
até ao fim do combate deixar-se arder
até ao fim
terei tempo?
canhões de tiro rápido
mau carvão testa ampla
no bico da águia de faces cavadas
terá tempo de saturar a pele?
lançar torpedos, lançar blindados medos
oh estações flutuantes
um pouco de sombra arsenal
admirável alvo refinado
a distância que nos separa do navio
a alma-chaminé quase sem pavio
um género de pássaro nasceu
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