sábado, 7 de novembro de 2015
the conquering hero
a verdadeira hora da morte
o envelope que lacra a mensagem
a confissão do fim da vida desventurada
percorrendo de um lado ao outro o aposento
último refúgio da terra
libertar-se do derradeiro momento
a tendência a circunscrever-se de restos
do fundo do coração
a aquiescência da recordação
de um excêntrico calejo da alma
ou do próprio rosto da natureza
o lodo abismal articulado
uma coisa usurpada dos atributos da vida
ganhasse significado e ausência
há missões que são demasiado retrovisoras
de um ponto inútil
agora paralisa a directiva:
chegamos sempre a um beco sem saída
o terreno baldio é utopia
ogival é o ventre olhando melancolicamente
quebrado pelas bafadas da fúria da alma
essa mesma
que se aquieta ingerindo ginasticamente a paixão
sonâmbula jornada a da nossa mão
rangendo os dentes na escuridão
a avidez de tecido onírico
de tensão e elasticidade
o laboratório da verdade em parte alguma
de extremo a extremo, o que havia para percorrer?
o tempo quieto, a rugir, ansioso sem tecto
a consciência finalmente impulso
de um simples secreto pecador de orvalhos
onde todas as manhãs são acabamento de esvaziar-se
erguendo, suplicante
o remorso, a humildade de se sentir quebrante
o desvanecer da juventude
a consciência agora satisfeita
beber da poção metafórica
a firmeza para se aguentar à linha
a relativa anuidade passando desalinhada
fiel à resolução de um modo paliativo
assim se caminha sozinho
os meus mais vivos receios
se recorda do covil donde nasceu?
a possibilidade da minha única existência
a parte única de se projectar remediando amanhã
o sono matutino sempre ligeiro
sonhando aquase acordado
sombreado, negro, espesso, fixo
o mergulho ao finito
as excursões do desejo bestial
esvaziar-se de um trago
cambaleante, amparar-se numa frase
fixando o solo, houvesse um modo
torpeza, fugir de mim próprio
a destreza de me encontrar sóbrio
ajuda-me coração erróneo
-afirma pondo a mão sobre o peito. Ainda bate lá dentro.
graduado de acaso
no adiantar da hora espectral
pela vida sem razão
o carácter do homem visitante, passeante, observador
a angustiosa separação da dor
a estranha perturbação da diminuição do pulsar
a repulsa curiosidade de se passar
lendo, de trás para a frente, os corredores da morte
dissipando um ponto que se findou
talvez fosse tarde, demasiado tarde
é preciso arrombar o absoluto
o desarranjo das cordas vocais do silêncio
das faculdades mentais de um anjo
o espelho das entranhas em vertigens
nas lajes do passeio, de um prédio
o ferro abrindo a marcha atrás dos homens-estátua
a nuvem que oculta a lua
no chiar de uma porta hedionda
crer entoado o coração a ferver de assassinato
lacrado, perdido, encontrado
apaziguado
o espasmo de começar de novo
acariciar o vago ainda acabado de síncope milagre
a grafologia interpretativa
redemoinho caindo na luz filtrada do abrigo
deformidade, bárbara, o reflexo sempre será trémulo
repasto ressalto, ressalvo a sombra
o ruído dos passos do espírito trémulo
inacabado, exótico, vigilante das horas de tráfico
gélida atmosfera onde ordinariamente o trauma sai de casa
do pó à terra, uma casa de aparência
molduras, vagabundas criaturas
reparando as fachadas do fim do mundo-vivo
meu deus, sabe o quê e quando
receber de tudo um pouco
os olhos transeuntes sem dar por isso
descurar o destino com preguiça
talvez valha a pena pesar essa premissa
nas primeiras horas da madrugada
entregar a primeira alvorada
e existir impassível
ruídos ainda ténues
talvez tudo seja só ingénuo
porque se alguma vez eu estive perto
e encontre as palavras para defini-lo
há algum sentido
talvez seja só isso
porque se alguma vez me pareci
foi apenas confusão minha
foi apenas a obra se escrevendo sozinha
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