sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Deus está por Veneza


composto e impresso
aos contentores associados
aos contrastes análogos
patéticas vicissitudes...sem premissa
e se deus estivesse de preguiça?
o diabo sempre nos pune
de modo completamente diverso
o heroísmo do reduto
encubado, sufisticamente entornado
o rosto afogueado, cirurgião dissecação
cama-de-vento
agonizar à cabeceira do julgamento
mãos ásperas de aplainar a vida sem vaselina
instrumento rouco de arrebatamento
das feições emagrecidas
externo, o muro de traços da lua
alamedas de apagão
da morte aflitiva ao fim de pista

admirar as pálpebras do amanhecer
num rio que acorda sem se conhecer
de instrumento divino, o sol a implodir
tornando-se decrescente o tempo de existir
minguante somos
já nascemos velhos

a sagacidade de um animal de caça
alvando a curva perfeita de um ventre de porcelana
de renda engomada
uma espécie de fanatismo pelo violeta
abraçamos a vida inteira
chegando ao cordão externo
a cidade lá em baixo
auréola de cambria
admirável obra prima de melancolia
a tremenda atividade da infância
a imensa agitação da vida corrida
revirando-se da marcha lenta
a influência do processo relativo
cairmos no lodaçal iMundo

a que se chama de forma
o trampolim das vaidades
ao acerto das pupilas
da convocação desses ermitas
mas há um alvorecer, apenas um para cada
os moinhos repetindo a trajectória
onde um rio não passa duas vezes
seremos moinhos ou rio?
ideias inspiradas de ignorância
sacudindo guizos
campos de desgoverno
a boca rasgada do aprendiz de soalho
rastejando, encerando
guarnecendo o sopro de agilidade
depois de paredes ornamenta-se de cobre
levantando-se a vara vertical
as searas nascendo ao sol

um terror salutar
de terríveis interjeições
o veludo azul forrado de algodão branco
há sempre outro céu
nuvens de cetim para o véu
corações com a vitória da vaidade
dotados do faro da raça
que a natureza por direito não reclamou
- mas a mesma tirania
composta por associações de carícias frias
de dois corpos celibatários
a existência parece suportável
porque o azul é a cor do narciso
se tudo está tão próximo do paraíso

colocar-se francamente contra os mistérios
válvulas de escapatória
que transparece a desventura do absoluto
golpes nos pontos ternos do coração
ondas sobre o crânio
a extensão encarpada do afecto
ao admirável magnetismo

a palavra maliflua avalanche de caso
sem tradução algébrica de subtracção
se multiplica de ocasião
números para varrer a escuridão
uma palavra áspera
para obedecer à oculta diáspora
se rematar de inocência
de agonia um melro poderia ter cantado
tão vulgar é a beleza de uma rosa
monopólios de tigres expostos
ou de peles de tigres sem cabeça



Sem comentários:

Enviar um comentário