quinta-feira, 4 de agosto de 2016
pedra dura e opaca que sangra
ousar opor-se à tirania
monte abaixo, monte acima
tudo fora, singular, espantoso
azulejo vidrado cosmológico
do seu habitat natural
incluir-se na paisagem
somos união universo
rochedo escavado da apropriação inventiva
dos opostos polares cerebrais
a essência redutora glaciar
factos brutos, estátuas, torres, pedestais
todos os ângulos salientes das junções bizarras
da coloração histérica das ondas magnéticas
protestando contra a palavra transparência
rubi, safira, prismas facetados de ideias mágicas
jaspes suspensas como folhas de ensaio
do regresso fundador do passado
aceder por via do prazer - um prazer melacólico
aos pigmentos da natureza dos brutos
dias que já foram
alvorecer do ocaso como lótus espreguiçado
caminhar sobre pedras de fogo no arrasto do sonho
no trânsito dessa outra terra
que nos habita dentro da cabeça
a alma reconduzida à íris do céu
para dar vida àqueles que já partiram
esse céu de lápis-lazúli perdurado no olhar
de quem o carrega do fundo da dor
ousar opor-se à tirania
rasgando essas cortinas de vidrados opalinos
que um eu em absoluto se decompõe de lutos
do ramo que nutre a noite
cada pétala que fica é uma pedra
que respira o tributo
do que deixamos em bruto
a morte certa
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