sexta-feira, 16 de setembro de 2016
combatendo a sombra
as sombras movimentam-se no lugar do vazio
no cerco da lua tapada pelos cabelos
nos espelhos que nos serenam os olhos
a caminho dos gestos que já não são nossos
abandono-te, de cada vez que esqueço
um pedaço, um momento, uma lágrima
quando me perco no embarque dos dias
no desleixo do fascínio
dos seus perfumes exóticos
mas as sombras ainda me perseguem
no vício da solidão
entre mim e as paredes
como se do canto da sala
ainda me perguntasses quem sedes
coa-se assim o poema
das grainhas dos bagos colhidos fora de mão
e o que há na mão que não possa caber na escuridão?
esse avocábulo que se arrasta a fora do corpo
que é janela, miradouro, porta de igreja
que é ausência suspensa na sombra
de um beija-me, mas mais tarde
as sombras cabem-me dentro da memória
mas não resta espaço para mais nada
da natureza dúbia partem nossos corpos
porque os nossos olhos são lanternas
pirilampos ácidos além-terra
talvez pontes semânticas
que nos atiram do éden
para os severos e negros tectos do intelecto
as sombras partem içadas do galope da saudade
rasgam os clarões finos do trapézio que nos definimos
nessa linha
onde somos sol e lua no mesmo horizonte
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