sábado, 11 de março de 2017
faias ardidas
das sepulturas das faias
seguindo o curso da luz
agora mais vaga
os olhos abrem-se-me devagar
para a luz deixar entrar
borboletas de asas raias
nervosas
as folhas caducas de afecto
caídas a solo nas palavras
dessa copa ovóide
deixando-me cair humanóide
para as fendas ásperas da idade
esse corpo pardo amarelado
que com o tempo cinzas
de nervuras paralelas à vida
escorre num invólucro ténue
o fruto desenvolvendo-se aos pares
ao solo delgado o embrião
drenado de sonhos calcários
tudo é folha e borboleta de asas raias
tudo se deita ao chão na entrega
como uma fauna bravia
que se alimenta de fantasia invernal
montículos de reservas
para corvídeos colectores de solidão
aonde a alma não cabe nenhuma outra
ecos nessa catedral de dentro
que podem as raízes e as alturas
saciar mais do que a própria vontade
de não ser nunca saciada
talvez o céu não esteja assim tão próximo
quando depois de ardidas
a verticalidade de um tronco erguido
sempre de pé
ainda que em montes de cinzas
erguido de pé
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