sexta-feira, 31 de março de 2017
não me largues da mão
a cidade pelo dorso do teu rosto
um passo atrás de ti
todo o corpo rebatido no passeio
ainda sem sombra
da linguagem gutural emerge
o divagar do arrasto lento do astro
um somos um
a dimensão articulada dos murais
a cidade que nasce pelos dorsais
meus olhos prolongam os teus
inauguram a madrugada que se instala
de linhas irracionais da alma
e do grotesco que é nosso peso
onde todos dormem ainda
a noite desloca-se para trás de nossos pés
na ilusão de não haver mais nakba
que é casa, abrigo, o teu corpo comigo
uma casa-animal sem sono
descarnado pelo batimento clandestino
de um amor atravessado pelo destino
e há uma total beleza em descobri-lo
uma cidade de silêncios à incandescência
do transe entregue à sincronização das luzes
nessa madrugada lúcida de cinzentismo
é o meu vestido de azevinho
e o teu lenço de azul marinho
nossos passos subterrâneos do pulsar dos anos
para mim hoje é sempre natal
ali na fronteira dos teus traços frontal
a cidade vinda de todos os lados
a cidade à beira do nosso regaço
continuamente fluída
do pulsar da vida
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