quinta-feira, 20 de julho de 2017
à boca do inferno
são as masmorras do incansável
da grande boca do inferno escapam
os arrefecimentos da terra
os soluços triturados no almofariz
da luz matinal partículas de lágrima
regressam e partem, regressam e partem
mastigados pela boca do tempo
que se consome de mais tempo
numa cópula de dia e noite cinza abissal
o chão se abrindo de secretos labirintos
aqueles que pensam que estão no alívio
num estado de morte longínqua
caminham pelas planícies afinal do limbo
escorrem pelos ventos espirais do retorno
uma alma corrosiva e violenta
alada de visões em tormenta
clamada dos ventos solitários
espalhando os fogos eternos da mãe crueza
chamando a si a película genial
para dentro do vazio de cabeças de vento
a película genial que faz vibrar a terra
e em ruínas e arquitecturas desconstruídas
interrogar a própria existência
um céu coberto de pó e teias de medo
como se habitássemos num sótão de abandono
e todas as manhãs deixássemos de falar para dentro
para as inversões perversas dos espaços
porque entre a pele e o esqueleto está um monstro
de avidez de vida, paixão e eternidade
à boca do inferno estamos todos
da grande boca do inferno escapam
o obscurecer, as fendas, a retracção do amor
os arrefecimentos dos fogos que nos matam
com uma genialidade divina
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