terça-feira, 4 de julho de 2017

filigrana de céu



as aves contornam os céus
no atordoar de volumes ultra-sónicos
para o pender da claridade
onde tudo podemos deixar suspenso
e as palavras em silêncio
das colmeias das imaculadas criaturas
aninham-se no peito horas antigas
que furtamos à morte violenta
a matéria comum carnal
que em todos os passos ruge
para a afronta do dia que urge
se vale a pena definir o voo dos pássaros
para o acrescento de cânones
e de todos os ismos que inundam de vivo
nem os pássaros sabem das suas voltas
das dores brandas das suas asas
para a inocência do voo
há que praticar o retornar
depois...o néctar sequioso escapando
dos céus precipitados do fim do horizonte
porque depois...a vaga onde tudo é longe
é meiga e mais próxima da terra
porque o voo se descreve em circunferência
onde não há mais que eternidade
enquanto para nós houver a contra-luz
ei-la nos olhos e nas mãos da entrega
para o imenso vácuo do mundo das trevas
ninguém domina a fúria da existência
ou a paz de sentir os pés sem marca de água
prontos, sempre prontos para romper
a folha branca mundana
a fúria brava de se abrir fora da tábua
para a paz, de vogar como fantasma


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