sexta-feira, 26 de janeiro de 2018
Dama branca
a morte precoce da aranha
nos duelos ásperos da língua
com a palidez solene de bisturis
o mundo concreto reverte-se
as teias da vigília em febre
enforcados em plumas e purpurinas
os corpos tresandam a pêlo
meditam em bolas de espelhos
passa atravessa a sala
a dama branca um mundo estranho
uma mulher de carnes frias
de curvas suicidas
um grande cão cinzento
e buracos nas meias
cavalos voam em círculos
morcegos que agora dormem ao contrário detalhes de dor ainda por sentir
olhos suspensos em veios de sangue
horas amnesicas de notas falsas
o desgaste dos ponteiros que agora são
pontos mastigados de força canina
as paredes o eco a coluna vertebral o tecto
homens vestidos de plástico negro
a conversa líquida de pele suada
os bancos levitam homens que acreditam
voar
voar nos braços dela
balões de oxigénio cabeças de cavalos cansados
corpos mordidos de desejo
cordas suspensas de terrores internos
as cores separam-se dos objectos
objectos que se entregam sem querer
nos braços nos olhos que o chão devolve
transfusões de saliva sedenta
o riso sufoca sombras deitam-se saciadas
um galo canta do alto da cruz revirada
e a jaula vazia
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