quarta-feira, 17 de outubro de 2018
Dínamo
no quebranto da manhã submersa
a chuva fina ou saliva arrefecida
o vinco de uma cama vazia sem fôlego
o carimbo, o selo, a gaveta mecânica
os degraus desse postal em espiral
ou só corpo que caminha despido pela rua
o enxofre que transpira do subterrâneo
numa redoma de espirais cósmicas
veias que rebentam de estrelas púrpura
imprimir a própria alma nas paredes
de encontro de bocas mosaicos
labirintos de encaixes perfeitos e
consciências subnutridas
homens que rosnam aos cães
na caligrafia de uma língua qualquer
para a acção retardadora da morte
a pele arrancada em golpes de rendição
a cidade fria e cinza depois de ardida
a febre luciferina que nos perdura
a lucidez invertida nas luas de Júpiter
nos anéis de soturnos dias que nascem
para serem separados da noite
como a água que me corre pelo corpo
para ser escoada de dentro
ás vezes lágrima ou apenas chuva ácida
bebedeiras do choro dos deuses
cálice de sangue que me bebes
para me cuspir ao espaço com a secura da vida
por pequenos gestos de adeus
depois com os olhos acesos
procura me a luz nos lábios apertados
turbo oceânicos do mal
e tudo é manhã e subversão
porque partes sem me deixar alívio
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