domingo, 14 de outubro de 2018

Pardesha


o hóspede do tempo do sonho
revolto de tonturas labirínticas edémicas
caminha pelos mosteiros da memória
o homem verde, o xamã, o selvagem
bebe das fontes da tentação
no arrasto do granulado das paredes
o corpo procurando pelos fins do muro
do rasgar dos céus
e a aurora do tempo
musa consorte abençoando os mortos
tudo é abolição do caos e da terra interior
transe extático semeador de purgas
penitências do sangue e da carne
de esqueletos mirrados de olhos vazados
onde a alma presta vigilâncias de aramaico
na tortura da solidão de anjos alados
de não se encontrar nos cantos do mundo
ou pela linguagem do voo
e estes são os senhores da loucura
da nebulosa memória do éden
onde sopram os ventos do norte
uma barca de espelhos, gansos selvagens
o monte acima do poiso terreno
ponteado de formas híbridas e totémicas
do decalque, da desfiguração do homem
onde a fraternidade angelical e a constelação do dragão
adormecem no jardim cerrado
o homem fóssil que hoje carregamos nas arcadas do peito
das fronteiras do invisível
e do cosmos livre
para o voo extático
rasante essa dança de asas sobre brasas
ardentes




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