quarta-feira, 4 de maio de 2016

pátria amor



uma quimera cabalística
da vizinhança demoníaca que vai fora da cabeça
impressões dos carnavalescos arlequins
há um impulso nocturno
a lua vagueando no absurdo
à confissão dos sopros e das cordas
empalidecendo o retorno da vida
quando finalmente a cidade crepusculada
se dimensa na silhueta de um desconhecido
subindo à lua num dirigível
para lá do cognoscível
deixaram o rosto de estanho contemplando
o sol posto
embora aquela vista não fosse viver
formas enregelando nas vidraças de uma teia
mirante de uma estrela que não vai mais brilhar
uma copa de pedra que não mais vai frutar
e um sentir que tudo está de passagem
num compasso desassossegado
há um tremor que habita uma outra epopeia
uma orquestra de esqueletos
cravando na terra as unhas alongadas de ocre
quando o entorpecimento acorde
os passeios de cimento levantar
um corpo cidade  flutuar
então fazer amor num leito vago
para reinventar o amor, levantar de novo
o insofrível corpo pátria livre, o sonho
no prazer de todas as brutalidades
que caíram no esquecimento
cai sobre o nosso esquecimento
a lembrança de um passado

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