quarta-feira, 11 de maio de 2016

Quid hic agis?


há razões silenciosas
razões que nos transformam em titãs
os condenados a murchar
porque um espírito de passagem
permanece mármore
porque nos acenam do fundo os pilares do amor
laivos em cordas bambas
de chagas de vida insana
que divertem os escravos volantes na mão de deus
a hera comendo bichos opiáceos
para a entrega a um céu opaco
em fúria a caçada dos anos juventos
quedas de água manipuladas num pau de chuva
torcem as asas num frágil encantamento
de acrobacias de olhos abertos
há bichos que dormem de olhos abertos
pregos atirados às tábuas
o tique taque frígido
filtrando a luminosidade de miosótis
nesse staccato triunfado da matéria
vulgar uma ideia reparadora
de que todos podem ser reparados
mas há razões que nos transformam
em milhares de cadáveres tranquilos
o cadáver de um deus desaparecido
Quid hic agis?
escrevendo o diário de um convertido
enquanto todos descem à arena
almas voluntárias caminham até Ele
eu escrevo


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