quarta-feira, 8 de junho de 2016
do meu alpendre
naipes de enforcados
de tempos trancados
em capicuas de amor
de folgas espaços buracos
pelas pálpebras dos marinheiros
que o destino são rumores
de sílabas de fora
entre os soalhos do oceano
cálices de fontanários envenenados
o coração dilatado
como se tudo o resto tivesse tamanho errado
mergulho nos lençóis de água
como se nadar fosse nada
escoando segura do meu caminho
no estampido de um obstáculo
de não haver sequer caminho
vai-se deambulando nas modalidades
de uma lagoa sem destino
de paragens e momentos gota a gota
sermos memória que somos esquecimento
vagas que não tardam
pérolas consoladoras
transfiguram-se os remos da aflição
quando tudo quer chegar ao fundo
tonturas como num dia de verão
ondular a alma
as campainhas que nos visitam nas beiras
brotam da solidão mal me queres
deixo-me ficar nesse areal jardim
sinto na pele o estalar do sol
o mundo queima a pele sensível
a brisa que tarda e não acalma
a terra respira a morte
são os meus dias de alpendre
que deixarão saudade
na obra que ainda não os compreende
a sombra tropical da melancolia
os barcos que lamentam
o aportar dos duros
que se embriagam e adormecem
nesses nocturnos sonhos
que a luz cegou sem alma
a eles faço companhia
com eles faço poesia
podendo tristezas mudas conversar
nas horas de tédio de instantes eternos
um passado que por defeito não passa
só no coração do poeta se vive a hora completa
ou hora nenhuma
alguns têm pressa para ser velho
nessa ilha de tédio
suspiro moribundo
com a dualidade moral
de destruir ou salvar o mundo
são as paredes de cal e as rugas de sal
de quem se olha ao infinito
encontrando a morte no horizonte
( a morte é a nossa última fronteira)
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