quinta-feira, 11 de maio de 2017

mãos de oleiro


os mistérios
da estrutura espacial dos sólidos
das substâncias comuns que somos
pedaços de vidro
o carrossel das altas fusões
a preparação de um sólido ao amanhã
para a deformação
essa magnetização ao sonho
o pensar cristalino da salvação
tudo pode ser aleatório e amorfo
todo e qualquer polímero
que carregamos na distância dos anos
essa construção cerâmica
para encontrar o estado físico da alma
gotas de chuva depositadas num frasco de vento
lágrimas guardadas sem pensamento
que se vão evaporando nesse céu espelho
expandindo nas asas de um pássaro azul
a distância significativa
onde se alinha o pensamento atómico
o poder cristalino do vazio
replicando-se no amanhã em doses
de bombeamentos de vida
as lágrimas reviradas em marés vivas
diamante grafite pedras pedras pedras
o corpo há-de ficar para trás
porque nos pesa
a cada difracção ou distracção
a natureza ondulatória do coração
da poesia quântica que nos define
ou um arco-íris que nos deslumbra
as lágrimas são capazes de tudo
limpam, lavam, secam
castelos salinos depositados na areia
que as mãos modelam
para a erosão dos mistérios da vida
as lágrimas são essenciais à matéria
a água que quebra a argila
e ainda que lágrimas de vidro
nada é definitivo

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