sexta-feira, 26 de maio de 2017
poema mourisco
é o cabelo que me afaga as costas
esse manto negro reluzente
do leito da baía da captura
arrepio na noite caída da loucura
o vento clemente de corpos nus
para atirar ao interior da terra
recortes do horizonte sem tréguas
o vestido de noite branca
os cavalos percorrendo a sombra
cada fio de cabelo são rédeas
que a natureza oferece
e que tu não domas
como um estaleiro a dentro
que o tempo quisesse de pasmo
as âncoras da terra levantando
são os braços com que me danças
os sonhos feitos de obeliscos
de uma aceleração sem fôlego
atear a fogueira com o corpo
que o amanhã é sempre imaculado
porque amanhã há sempre o lugar
ainda no pulso de correr acidentalmente
um vento constante
da análise sentimental do rastilho
da mira do dorso do animal
o corpo viagem astral
e vi o vagar da estrela rasgando o céu
para caminhar nas sobras do tempo
para lá da pele, dos cílios, da penumbra
como um mero acaso orgásmico
porque em nós tudo é exilado
quem nos devora as entranhas
e os cavalos seguem em liberdade
nessa quebra da noite sem fim
são arrancados ao sonho
descolados do chão infértil
para atravessar os jardins do éden
cavalos de fogo
do tempo de ser mortal
ocupados por um corpo de crinas
do leito da baía das lágrimas
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