sábado, 23 de novembro de 2013

Estirão

Se eu morri,
porque não vejo
o céu ou o purgatório?
Cá e lá são o mesmo
ébrio e acelerado
acaso forjado de calejo
rodeado de chumbo
de cancros taberneiros
uma legião de turcos
rixas na lotaria
para no final
acabarmos todos
na padaria

Bem
o ajudante de enfermeiro
do mundo material
a terra cheira a cadáver
o estertor
em forma de mulher
astral
o pensamento é forma
apertando nós
relâmpagos
"como é aí desse outro lado?"
já sentindo empacotado
e na ardósia
no alvoroço das cinzas
um arrepio inexplicável
de o saber antes de ser

São os ossos
a fera do homem vivo
do vício bailado
um burro e um palácio
e o pretexto é acaso
animal flechado
finca-pé ora fica
que a porta é vagabunda
ao fundo da memória
uma corda de cânhamo
Lua-Cheia
de encanto


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